Umas, novas, Idéias

Wednesday, December 21, 2005

Decadência das Letras


A última página se fez finda e concluíra mais um clássico da literatura universal. Lixo! Tinha a certeza mais humana de que entre todods os títulos que me indicaram apenas poucos pude realmente apreciar. Decidi de instante: Vou jogar-me de cabeça na literatura contemporânea. Quero o novo. Preciso encontrar novas fórmulas de escrita. O novo! Li compulsivamente tudo que me flavam sobre novos autores de todas as literaturas possíveis do mundo. Nas emergentes, dos países mais novos enquanto nação(?), encontrei as melhores coisas. Momentos literários interessantes. Diálogos com o que deve haver de mais literário em tudo que não é literário. Tirar da pedra, à moda João Cabral. Percebi grandes lutas todas perdidas, muitas nem terminadas pela aceitação do óbvio que propunha o escritor. Temos de lutar, mesmo sendo um combate vão. Drummond lutou. Drummond. Criou-se em mim uma sensação de desencanto e desespero, tanto no correr da pena, como no fazer dos versos... " Faço versos como quem chora, de desalento, de desencanto/ fecha o meu livro se por agora não tens motivo nenhum de pranto..." Bandeira e seu porquinho da índia. O novo! Essa promessa que me disseram de que estão fazendo e publicando coisas boas hoje em dia é uma furada. Quase tudo é uma bosta, e o que não o é de todo, ou relê o passado ( mesmo o mais recente ) ou ficionaliza fatos históricos, bases já prontas nos acontecimentos, esperando apenas o corpo de literatura. Voltei aos clássicos para me retratar com Dostoiévski, Flaubert, Dante, Camões, Drummond, Cabral, Bandeira, Gullar, Pessoa, Bocaccio, Camus... entre outros. Que bosta é o nosso hoje literário. A decadência que se instalou nas letras mundiais, principalmente e agravantemente, nas brasileiras, me consome em mares infindáveis de angústia (Graciliano). Por que estão detruíndo nossa literatura???? Cobardes! Cobardes! Enquanto puder ler um poema como Para a feira do livro de João Cabral; enquanto puder me assombrar com Crime e Castigo de Dostoiévski; enquanto puder entender Homero, Virgílio e Camões nas suas fantásticas epopéias, a BOA literatura ainda respirará, ao menos em mim, como uma fina e tênue sobrepele de esperança neste marasmo decadente que é o cenário literário atual. Faltou Augusto, Não podia faltar:
"Tome um fósforo. Acende o teu cigarro.
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se à alguém causa ainda pena a tua mágoa,
apedreja essa mão vil que te afaga,
e escarra nesta boca que te beija."

Vai página vã em busca do teu prelo perdido.

6 Comments:

  • At 9:54 AM, Anonymous Anonymous said…

    Oi Otávio! gostei do seu texto. Ele está bem jornalístico. bjs

     
  • At 1:50 AM, Anonymous Anonymous said…

    Indignação, com um quê de mágoa.

    Gostei muito.

     
  • At 3:05 AM, Anonymous Anonymous said…

    Acho que tanto hoje como antes, sempre houve porcarias... e pequenas pérolas em meio ao lixo...
    É que os clássicos, como os conhecemos, são as pérolas que foram escolhidas!
    Talvez o gênio de hoje - que será um clássico amanhã - nem seja conhecido...

     
  • At 4:06 AM, Blogger Douglas Evangelista said…

    Fico com o Moacir. Discordo que tudo seja ruim. Aquele cara que escreveu "Clube da luta" é do caralho (Chuck Palahniuk).

    O livro vencedor do Portugal Telecom desse ano, "Os lados do círculo" - terminei há pouco - também é foda, Otavio.

    É verdade que tem muita merda na literatura, assim como no cinema, no teatro e na rte em geral. O lance é filtrar cara.

    E tira esse azedume do seu peito!

    Abração.

     
  • At 5:30 AM, Blogger Vanessa Anacleto said…

    Eu não discordo de você quando diz tem muita porcaria sendo publicada . São escritores e editoras com intuitos meramente comerciais . Pouco se escreve de bom, é verdade . Mas ainda assim há muito pra ler em tão pouco tempo...

     
  • At 11:59 AM, Blogger Lara Spagnol said…

    Eu não sei... eu não sei. Ainda haveria de ler muita, mas muita coisa prá bradar que a literatura contemporânea toda é ruim.

    A margem traz coisas bem boas, não raro.

     

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