NATAL BÃO SÓ MESMO NO JAPÃO
Sem a intenção do clichê, porém consciente de que não se pode fugir dele numa frase como essa, o ano está acabando e como passou depressa... Pois é, há muito tempo que novembro é uma micareta do natal. Nos deparamos com casas enfeitadas, a musiquinha da leader magazine toma conta de nossas cabeças insanemente e retornam todas aquelas comidas de duplo sentido que sempre trazem a chamada da praça é nossa no pacote. Mas de fato, o ano que se finda foi de todo bosta, com raríssimas excessões. Uma delas, sem dúvida, foi ter conhecido melhor esse japonês inescrupuloso e de carater irrelevante, mas que foi de grande amizade em momentos realmente difíceis. Ivan Kano, notoriamente conhecido como ciclobásico, fez deste ano algo para ser lembrado por muito tempo. Podemos nos encontrar daqui há duas décadas e lembrar de 2006 como o ano em que consolidamos essa amizade e participamos de cenas e atos que não vão se apagar tão cedo, coisas que passam do abraço decepção pós-perda-de-bolsa-do-mestrado e vão até um insano videokê e uma certa música da Ana Carolina. Com ciclobásico compreendi que dá pra fazer muita coisa com o pouco que se tem quando se reconhece esse pouco, sem desesperos, como algo maior. Não é uma ironia auto-ajuda pró-zíbia gaspararetto, Ivan realmente me fez rever o que tinha desenhado para mim como real. A desgraça pode ser bela, nem que seja por um minuto. 2006 foi um ano difícil no quesito grana e nesse ponto, já que se trata de uma retrospectiva, não posso deixar de citar que carreguei nesses doze meses (ainda incompletos) o estigma da bolsa sonhada e perdida que fez com que tantas outras coisas ruins acontecessem e prejudicassem a mim, meus pais e pessoas próximas de que gosto tanto. No entanto descobri um grande incentivador e talvez o maior motivo por eu estar levando esse mestrado tão a sério, o professor Silvio Renato Jorge, que me fez perceber e descobrir os potenciais e as possibilidades que eu mesmo desconhecia enquanto aluno. Sem bolsa, trabalhei nos mais diversos campos, desde a venda de livros até a revisão de dissertações (logo eu) passando pela sala de aula (mais por prazer que por grana). Só não tentei o michê porque sou feio, baixo, gordo, estranho, esquisito, imperceptível e inútil... A bolsa, sem dúvidas, me fudeu! Mas contornei com a ajuda de amigos como o Ivan, de pessoas como o Professor Sílvio, de lembranças como as que tenho de 22 de abril deste ano e de tudo que sempre espero que aconteça antes de estourar uma cidra cereser só por cacoete. Pode ser cedo para um balanço desse tipo, talvez seja mesmo já que ainda nos restam tantas emoções, como o aniversário do reverendo Morais em dezembro. Pode ser. O ano de 2006 divagou sobre mim, desfez todas as expectativas que criei sobre ele e quando me surpreendeu positivamente fez questão de mostrar que era por pouco tempo. Bolas. Esse texto é pra Takashi Kano, também conhecido como Ivan, por que percebi em seus olhos a mesma coisa que encontrei nos meus quando soube do resultado das bolsas, no fundo acho que ele foi o único que atingiu a dimensão do fato e compreendeu que não se tratava de uma questão de orgulho e confiança em excesso. Creio que o professor Silvio também compreendeu e procurou me incentivar de várias formas e me colocar novamente no rumo academico das coisas. Meus outros amigos, cada um de seu jeito, perceberam o que realmente se passou, mas, até como forma de minimizar minha dor de momento, procuraram outras maneiras para tratar o assunto. Enfim, escrevo tudo isso para dizer que este natal não terá as mesmas cores do anterior, algo me diz. Também não quero e nem posso planejar nada pro ano que vem, vai que acontece o mesmo outra vez. Lembro perfeitamente que tinha planejado em comprar uma camera digital caso conseguisse a bolsa, ainda que fosse em prestações e tudo mais. Um pequeno capricho material. Ao invés disso saí na busca do da passagem e se sobrar a gente lancha. Mas deve ser isso, que graça tem se tudo der certo? Esse texto pode ser criticado, chamado de melodramático até, mas foda-se, esse não é um momento literário. Parafraseando o mano Brown, 2007 que venha armado que por aqui o bicho tá pegando. No mais, um Save Ferris pro Ivan e um grande abraço ao professor Silvio. Natal bão só mesmo no Japão.
3 Comments:
At 4:53 AM, fabiano m. said…
chuif.
aguarde emoções fortes para 17/12.
forte e abraço e TMJ!
At 6:54 AM, Anonymous said…
Otavio,
esse texto não merece os comentários pernósticos que costumo tecer por aqui, não porque ele me homenageie (ou coisa que o valha), mas principalmente porque é bom confirmar em você a sensação de que as poucas coisas importantes que esse ano incontornável me trouxe foi a certeza de uma amizade. Forte abraço, tâmujunto!
At 10:37 PM, [sic]. said…
Eu sinceramente espero que 2007 reserve surpresas mais agradáveis pra você, Otavio. Eu sei que você merece. E espero também rever, enfim, todos juntos no aniversário do Reverendo.
TMJ
P.s.: Ivan, esse japa fantástico.
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