Umas, novas, Idéias

Saturday, September 23, 2006

KYOTO NÃO É SÓ TÓKYO COM AS SÍLABAS INVERTIDAS


Estou lendo Yukio Mishima, mais precisamente O templo do Pavilhão Dourado. Comecei a leitura depois de ter terminado o livro Portokyoto de Pedro Paixão, no qual o autor português faz vastas referências a Mishima e a esta obra, já que parte de seu romance se passa na expectativa de conhecer tal templo. Mishima tem uma coisa na escrita que realmente desloca o foco do resto. Parece uma leitura pesada, mas que não cansa. descritiva sem ser exaustiva. E algo vai além da história do menino gago e auto-penitente que se esmera na beleza do templo e dos outros para sustentar-se numa personalidade crua e sem nenhuma referência sentimental. Ainda não terminei o livro, mas é perceptível o minuncioso trabalho de Mishima em inserir seus leitores na história e na própria mente de seus personagens. Em Portokyoto encontrei Michiko, no Templo encontro Uiko e as duas parecem me dizer a mesma coisa numa foto feita de palavras e memória que se arrasta por entre as veias e pelos caminhos narrativos dos personagens. Algo está paralisado em mim. Algo que talvez não mais se mova ou que eu tenha acabado de descobrir. Mishima congelou um olhar no meu rosto que, como o lago Kioko, refletem o templo dourado. Tudo está parado e em eterno movimento. "A seta que só atinge o alvo porque já estava em movimento antes mesmo de partir."

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