Umas, novas, Idéias

Saturday, April 01, 2006

Minutos de Sabedoria, Horas na Condução


Campo Grande é longe pra cacete, isso eu descobri empíricamente, não se trata de mera especulação. pois bem, os jovens e atentos leitores deste blog devem estar pensando: "Se é tão longe, o que você foi fazer lá?" Simples como ler James Joyce: Fui trabalhar. A santa notícia que me fez retornar ao mercado obscuro e informal do ramo dos livros é verdadeira e até o dia nove de abril é possível encontrar este que escreve atendendo leitores famintos por títulos como Minutos de Sabedoria, Pai rico, Pai pobre e os famigerados e pretensos livros ( perdão escritores sérios) de Dan Brown, Paulo coelho e Zíbia Gasparetto. Aliás a felicidade sempre me corre ao rosto quando vendo alguma coisa mais encorpado do ponto de vista literário ou mesmo técnico. O gosto do povo Bigfieldiano segue, mais ou menos, o mal gosto que abate o cenário da literatura brasileira e, pra falar a verdade, isso não me preocupa nem um pouco. O que tem me preocupado bastante é a falta de educação de algumas pessoas. Às vezes é preciso explicar ironicamente que cliente não é sinônimo de 'cale a boca eu tenho razão.' Mas voltando ao fado da viagem diária que consome, pensando na ida e na volta, quase cinco horas de meu dia ainda valeria a pena relatar as curiosidades do caminho, como os nomes de alguns estabelecimentos : 'Country Club Guadalupe' ; 'Feinho auto-peças' e a curiosa aderência do termo inglês, Big Field, para nomear todo tipo de comercio. No calçadão onde acontece o evento livresco encontramos todo tipo de figura. Há uma senhora, mendiga, que sente em frente ao quiosque de sorvetes do Mcdonalds e fica pedindo grana pra comprar casquinha, num só dia contei três sorvetes seguidos que a intrepida velinha sorveu as custas dos meninos carvoeiros do Amapá. Há ainda o cara da ótica. Figuraça dessa expedição aos confins da terra perdida. Ele solta os melhores aforismos desde um tal de Homero, tudo pra convencer os transeuntes a fazer um exame de vista ou comprar umas lentes de contato. Todo dia as seis começamos a desmontar a barraca de livros, guadar o material e chego a acreditar que logo chegarei em minha quente casinha, onde jantarei e dormirei feliz... mas pegando o ônibus as sete da noite, chego em casa apenas as nove e meia e já é quase hora de acordar de novo pro calçadão de Campo Grande - que é longe pra cacete- vender os Minutos de Sabedoria e rir de tudo que parecer sério por essas bandas. Em meados de abril retornamos ao centro da cidade, mais precisamente, Cinelândia, onde espero chegar mais cedo em casa. Os livros tem uma coisa que não sei explicar,mas que todo dia me fazem encontrar algum sentido no que há em nossa volta. Talvez por eles e com eles continuo a jornada e termino dizendo que, apesar da distância, acordo sem reclamar da hora ou do trabalho. No mais é tudo... Ótica!

1 Comments:

  • At 11:13 PM, Blogger [sic]. said…

    Que isso, Campo Grande é logo ali, mais perto até que Nova Iguaçu, antigo endereço do Brownie Berardinelli, que morou aqui na Rua Pintassilgo (com dois "esses"), em Cabuçu.

    Mas até te entendo. Nessas horas a gente sente mesmo saudades de São Gonaçalo (a que ponto chegamos...).

     

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