Umas, novas, Idéias

Sunday, May 14, 2006

Caguei pra Mesquita, bom mesmo é o Conversando! Último encontro do ciclo Cortazar.




Como nosso cronista oficial, Marlon 'Continuosis' Magno, preferiu um show de black metal em Mesquita a participar do último encontro do ciclo Cortazar, me senti na obrigação de vir registrar, provavelmente de maneira menos profissional, o que se passou no apartamento da senhorita Isa Laxe enquanto assistiamos Blow Up, de Antonioni. Encontravam-se no recinto sintecado, além do bichano Mentirinha, Maximus Helenus, Junior, Fabiano sortudinho, o mediador nipo-amarelico Ivan Ciclobásico, a dona da casa e este que aqui vai dizendo. Com nossas máquinas fotográficas nas mãos, começamos a ampliar os detalhes dessa coisa indefinida a que chamamos literatura. Enquanto pipocas estouravam na panela, Antonioni nos apresentava a essência de Cortazar recriada numa história tão interessante como o original, com um personagem gente boa demais, humano e muito simpático. Entre cenas e diálogos inconstantes, as hélices e as bolinhas tênis iam começando a fazer algum sentido, principalmente quando chegamos a opinião de que o cadaver do filme era Borges, que morreu sem pegar ninguém. Vanessa Redgrave, sempre comparada as outras mulheres do filme (Veruska), causou grandes discussões sobre a permanência ou não da tensão do conto jogada sobre a imagem do menino. A direção do olhar, o carro refletido nas retinas. Enfim, como de costume, nos estapeamos boa parte do tempo em sequências de pausas no dvd com o único intuito de discutir uma cena de três segundos. Ivan, que deveria nortear as discussões, permaneceu calado comendo pipocas caprichadas no sal. A coisa pegou mesmo quando não sabiamos mais se o corpo realmente existia, se estava na foto, se era loucura do personagem, porque Vanessa tinha sumido do filme...
Até a culminante cena do jogo de tênis, onde pela primeira vez na noite um silêncio assustador tomou conta da sala localizada em são domingos. Podia se ouvir o barulho dos olhos esbarrando na imagem e as caras de "caralho, que porra é essa?!" Sem muito mais a dizer, Blow up amarrou muito bem o ciclo Cortazar, já que, noutra linguagem, diferente da literária, nos mostrou como se pode adaptar histórias como "As babas do Diabo" sem se perder a essência e sem ter a obrigação de seguir fielmente o texto escrito. Antonioni viajou nas loucuras de Cortazar usando a camera, passeando pelos olhares múltiplos, numa história em que tudo se vê através de uma lente, por trás de um outro olhar. O Conversando agora reorganiza seu calendário e sua proposta. Voltamos ao meio acadêmico depois de uma longa temporada no Vestibular do Chopp e espaçamos os encontros para facilitar a presença de mais pessoas nas batalhas. Guimarães vem chegando ao Gragoatá... Depois dos argentinos, o Sertão.

3 Comments:

  • At 4:53 AM, Blogger fabiano m. said…

    boa ata, otávio, se o marlon continuar nos ignorando sistematicamente, você acaba assumindo o posto de atista oficial.

    aproveitando o ensejo, muito boa a letra do tappa... rs...

    forte abraço e tâmujunto!

     
  • At 8:32 AM, Blogger ideiasaderiva said…

    Válido também o comentário do Jr. ampliando a perspectiva "olhar através da lente" - um olhar modificado. A obsessão de fazer algo (em arte) também modifica o objeto e a visão.

    Viva o Antonioni.

     
  • At 9:58 AM, Blogger [sic]. said…

    Eu amo vocês,não duvidem. E pra vocês rirem um pouco da minha cara: não houve black metal algum,deu tudo errado...
    Saudades de vocês euma pontinha de inveja por ter faltado,falha imperdoável deste que costuma cronicá-los...

     

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