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Era baixo. Algums rugas, inda pequenas, lhe franziam a testa num pensamento. Andava desapercebido pelas ruas na intenção de voltar. Tinha olhos horizontais. Media as palavras. Falava pouco. Remendava assuntos antigos com fatos novos. Tinha fobia de trens. Amava a doze anos a mesma pessoa. Não era correspondido. Sempre tinha a impressão de que a qualquer momento ganharia na loteria, mas nunca jogava. Era avesso ao fumo. Bebia. Gostava de jogos, mas nunca foi de apostar. Tinha medo de tudo. Quase tudo. Estava a duas horas na mesma parada de ônibus, esperando não se sabe o quê. Ouviu um barulho. O tempo. Trabalhava com htmls e https. Tinha pouco tempo para diversão. Não se divertia. Gastava seu dinheiro honestamente nos bordéis. Escrevia tolices, e as punha em versos. Fez sinal. O ônibus abriu a porta. Subiu. Pagou. Sentou. Partiu sorridente para um rumo desconhecido, ainda que se tivesse passado apenas uma esquina. Da janela desprendia um vento agudo.Olhava adiante e não via nada distinguível. O passado seguia a estrada, um pouco a frente. Sempre a frente. Todavia era noite. Tinha olhos horizontais. Não se esquecia das palavras de seu amigo: "Ame todas as mulheres tristes." Gostaria de entender. Desistiu. No fim, percebeu ser bobagem. Fez sinal. desceu. Resolveu voltar a pé. Eram só cinco quadras. Tempo bastante pra pensar na vida.
3 Comments:
At 6:27 PM, Anonymous said…
Sempre que passo por aqui me assusto. Belo texto.
At 6:27 PM, Anonymous said…
Sempre que passo por aqui me assusto. Belo texto.
At 11:47 AM, CAMILA FERREIRA said…
Talvez eu faça trilhe esse caminho todos os dias, só os pensamentos que diferem.
Um beijo.
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