Umas, novas, Idéias

Saturday, June 10, 2006

INTACTAS


Pensando na melhor forma de falar sobre o que penso agora, lembrei-me de um texto recente de um amigo, o senhor reverendo Fabiano Morais e suas 'memorabílias'. Foram muitas as lembranças que me reportaram a este texto. Talvez o emaranhado de sentimentos e vícios do passado que vão se compondo até culminar, sobriamente, num desconsolo que talvez só o copo - cheio é claro - seja capaz de curar. Hoje, dia dez de junho, fiquei pensando, no silêncio de meu quarto, em minhas expectativas de vida e minhas realidades correntes, neste mesmo período, três ou quatro anos atrás. De fato percebo que não eram muito diferentes as coisas que queria e buscava, nem mesmo meus gestos e meus hábitos mais corriqueiros, porém faltam coisas hoje das quais não me dava conta nos anos anteriores. São essas lembranças, mescladas por experiências e decpções, que recriam a dor e as sucessivas ausências que me esbarram agora, nas manhãs em que acordo cedo demais ou mesmo na hora em que o sono parece inevitável, mas o grito do necessário me mostra que não dá pra parar. Há quatro anos eu namorava uma menina com a qual cheguei a ficar noivo; tinha acabado de receber um prêmio literário que, além da alegria, me trouxe uma razoável quantia em dinheiro com a qual me sustentei por um bom tempo. O noivado acabou, o dinheiro também. Um novo ano chegou e ainda acreditando que poderiam surgir novidades interessantes, continuei a insistir nessa idéia de que o mundo ainda tem solução. Me apaixonei mais algumas vezes, tive uns momentos em que me considerei feliz, conheci pessoas com as quais estaria até hoje não fossem as intempéries do espaço e do sentir. Hoje, quatro anos mais velho, sustentando algumas alegrias, que teriam mais graça não fosse o peso de outros fados, me reencontro abaixo de uma linha tênue do que considero alcançável. Tenho poucos, porém bons amigos; uns livros que me distraem quando não há mais no que pensar e o que realça é a falsa impressão de que sobreviver é o bastante quando, na verdade, sobreviver não é nem necessário. Cansei de criticar coisas repetidas e de reclamar de minha sorte mal fadada. Não acredito mais em grandes soluções e nem mesmo sou capaz de estender o meu sorriso para um outro lábio no qual eu possa fugir de mim. Vinte e cinco anos, metade de uma estimativa, mais um em qualquer estatística ou mesmo num anúncio. Não me encontro. As perguntas sempre e vem e perturbam. Lágrimas sempre ousam, mas não caem e nem cessam de ousar. Recaio nas mesmas falhas inventivas, nas mesmas saudades do que poderia ter sido, o 'quase' que ronda minha cabeça... Ontem caminhava pela rua no caminho de casa. Era sexta-feira a noite e a única coisa naqual conseguia pensar era dormir. Isolei-me num mundo em que não é permitido ir além, pelo menos por enquanto. De minha parte não há o que fazer. Constatação. A saída deve ser esta porta em branco, que aciono sempre que me parece impossível continuar. Aguardo notícias.

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