Umas, novas, Idéias

Friday, April 20, 2007

Envelheço na cidade


'Juventude se abraça, se reúne pra esquecer.
Um feliz aniversário para mim ou pra você...'
Edgard Scandurra


Não poderia escrever saudosismos nessa semana, ainda que me parecessem úteis e um tanto quanto apelativos para a maioria dos leitores de blogs internéticos. Pensei em postar um outro poema, estratégia mais simples, pois se basearia em recortar e colar. Porém, quis me forçar a escrever algo diferente para ficar por aqui durante os dias que antecedem meu aniversário. Essa coisa das datas é curiosa. Comemoramos coisas estranhas e não festejamos acontecimentos que realmente mudam nossas vidas. Os aniversários são um grande exemplo disso. Se pensarmos na lógica de se comemorar a data do nascimento, podemos deduzir que se trata de nossa 'entrada' nesse mundo, mas, seguindo o mesmo raciocínio, porque não festejamos a data (dia exato) em que começamos a falar ou a andar - fatos tão importantes para nossa permanência no mundo? Creio estar falando um monte de besteiras e é esse ímpeto que me faz seguir por mais algumas linhas. Imaginem se pudéssemos estabelecer nossas próprias datas festivas, fugindo das tradições e dos costumes que nos foram apresentados logo que começamos a abrir os olhos? Penso mais um pouco e chego a conclusão que com 26 anos já estou velho demais pra mudar o mundo e a ordem das coisas, quanto mais o gosto das pessoas. Além do mais, essa coisa toda de revolução cansa um pouco. Nem literatura de revolução vende mais! O negócio é falar de educar crinças, palestinos que soltam pipas, espíritos que ditam histórias de amor ou tentar reescrever a bíblia. Mas no fim, toda essa história de aniversários e datas comemorativas até que cai bem ao nosso prazer e gosto, pois basta que uma delas se aproxime para que comecemos a beber sem grandes causas e sem medir as consequências. Esse é o grande mistério do mundo: medir no sangue a quantidade certa de alcool, amizade e alegria. A parte disso, quero é que o mundo se exploda. Viva o aquecimento global. Aliás, põe um pedaço dessa calota polar no meu whisky, mas só duas pedrinhas.

Monday, April 09, 2007

Um poema, para mudar a cor do cheque.


Ultimamente tenho escrito poemas. Voltei a escrever, pois sempre me fizeram bem, independente de sua qualidade estética e criativa. Surpreendi-me com alguns comentários dos amigos mais críticos que tenho, quando mostrei alguns dos poemas 'novos'. Portanto aí vai um dos mais recentes, e este blog retorna ao verso, buscando o ponto intermediário, entre o abismo e o abraço.


AMANHÃ


Tua boca espalha em mim

Auroras imensas,

Desvios da vida:

Linguagens.


Creio poder te ouvir existindo

Em passos de promessa,

Na mesma insistência

Do absurdo.


Podemos seguir assim:

Você – ignora minhas palavras;

Eu – desconsidero o possível;

E devolvemos ao verso

A essência impessoal

do amanhecer.